A Sqédio esteve, mais uma vez, presente na Revista O Molde e, nesta segunda edição de 2022, abordámos o tema do Planeamento na Indústria de Moldes e a gestão de recursos autónomos de produção e como as ferramentas avançadas de gestão de projetos são vitais para dar resposta às elevadas exigências de eficiência das empresas que pretendem alcançar os melhores resultados globais e destacar-se neste desafiante contexto da Indústria 4.0.
Planeamento na Indústria de Moldes e a gestão de recursos autónomos de produção
Atualmente, o setor industrial atravessa um período de profundos desafios, não só pela imprevisibilidade operacional que temos vindo a assistir, como também pelas crescentes flutuações e exigências da procura, que põem à prova a competitividade e capacidade de crescimento das empresas.
Hoje em dia, já não é suficiente que as empresas produzam produtos de qualidade, a um preço competitivo e no prazo acordado. Na realidade, para que as empresas garantam a sua sustentabilidade no mercado, é vital que:
. alcancem elevados níveis de produtividade e eficiência;
. sejam flexíveis e tenham a capacidade de se adaptar às dinâmicas mudanças;
. sejam ágeis e proativas a identificar novos processos, tecnologias e produtos/serviços de valor-acrescentado.
A verdade é que estas necessidades não são novas e a Indústria 4.0 é já hoje uma realidade – as empresas percebem que têm de ter a capacidade de adaptar e evoluir os seus processos, mas necessitam de sistemas e tecnologias que as ajudem a assimilar as transformações efetuadas e a implementar as estratégias definidas.
O mundo industrial atual e as Tecnologias 4.0
O mundo industrial atual encontra-se num momento decisivo da sua evolução, dado que, se por um lado, existe a pressão de inovar, por outro, vivemos um cenário de recessão económica no qual a dependência de mão-de-obra qualificada e a vulnerabilidade da cadeia de abastecimento se fazem sentir.
É, então, aqui que as tecnologias 4.0 têm de ajudar as empresas a alcançar níveis de eficiência e produtividade, pois só assim conseguem converter os investimentos em rentabilidade e competitividade, de forma a atingir os seus objetivos globais.
Os desafios da Indústria de Moldes
A gestão eficiente de todo o processo produtivo é uma das mais prementes preocupações da Indústria de Moldes atual. Gerir vários projetos em simultâneo, garantindo o controlo de custos, tempo e qualidade implica um planeamento rigoroso, que deixa pouca margem para ajustes ou alterações à medida que o projeto avança nas suas diferentes fases.
Não obstante, novas informações poderão influenciar o rumo definido, pelo que é indispensável poder antecipar e reorganizar, escolhendo o melhor dos cenários disponíveis. Evitar a ocorrência de erros, retrabalhos, ineficiências, atrasos nos prazos de entrega, perda de margem ou de qualidade implica:
. automatizar processos para aumento da produtividade;
. disponibilizar dados fidedignos e em tempo real, para uma tomada de decisão rápida e eficiente a todos os níveis e stakeholders;
. otimizar a cadeia de abastecimento, para minimizar os custos de fabrico e de armazenamento tendo em conta tempos de receção e ruturas de stock;
. ter uma visão global dos fluxos de trabalho, de precedências e dependências para suportar o processo de planeamento, programação e controlo da produção;
. ganhar disponibilidade de tempo, que deverá ser redirecionado para processos que exijam envolvimento humano e pensamento crítico, de forma a promover a melhoria contínua e diferenciação no mercado.
Quais os benefícios das Tecnologias 4.0 no planeamento e gestão de recursos de produção na Indústria de Moldes?
Mais do que nunca, as cadeias de valor dos diferentes intervenientes estão interligadas e a adoção das tecnologias 4.0 na Indústria de Moldes trará vantagens competitivas, no que diz respeito à eficiência da globalidade do processo produtivo e à capacidade de resposta à informação real e disponível.
Em concreto, numa empresa de moldes coexistem diversos recursos com interação conjunta, nomeadamente: matérias-primas, recursos humanos de diferentes qualificações, subcontratações, máquinas convencionais e máquinas CNC, podendo cada um seguir horários e calendários diferentes de disponibilidade. Assim, torna-se imperativo que um sistema de planeamento possa analisar estas disponibilidades e, de acordo com determinados parâmetros, possa otimizar esses recursos ao longo do ano.
No que respeita ao planeamento, podemos considerar dois tipos:
- sequenciadores;
- planificadores automáticos.
No primeiro caso, o planeamento é efetuado através de uma sequência de operações, validando as respetivas precedências sem considerar critérios de otimização. Na segunda opção, temos um algoritmo que procura, entre todas as combinações de recursos, otimizar determinados critérios.
As especificidades do Planeamento na Indústria de Moldes
Uma vez que a Indústria de Moldes trabalha por projeto, existe a necessidade de uma visão do planeamento a longo prazo – que podemos chamar de “macroplaneamento” – e, igualmente, de uma capacidade de ajuste diário e por secção desse mesmo planeamento – o denominado “microplaneamento”.
Nesse sentido, podemos dizer que a Indústria de Moldes necessita aplicar, simultaneamente, os dois tipos de planeamento acima indicados: o sequenciador e o planificador automático.
Vamos agora analisar alguns aspetos das duas opções de planeamento.
No macroplaneamento, temos de considerar que existe um algoritmo que irá processar a informação e, para isso, além dos inputs – nomeadamente: os materiais a adquirir, os recursos e sua disponibilidade e as operações a executar com as suas relações de precedência -, há que considerar os critérios de otimização.
Na indústria de moldes, existem dois critérios de otimização principais:
- o cumprimento do prazo de entrega do molde;
- a maximização da utilização dos recursos no tempo que cada um tem disponível.
Desta forma, o algoritmo terá a capacidade de encontrar a melhor sequência de produção e de compra de cada componente do molde, a fim de respeitar esses critérios.
No microplaneamento, podemos efetuar alterações à sequência proposta, para respeitar eventuais e inesperadas alterações que coloquem em causa a capacidade de cada secção da empresa. Nesse sentido, o sistema de microplaneamento permite a flexibilidade exigida à Indústria de Moldes em particular – e, no geral, a qualquer indústria que tenha um modelo de produção por projeto.
Sendo o microplaneamento um sistema interativo e gerido pelos responsáveis de cada secção, este requer uma visão mais próxima do planeamento de componente individual, contrastado com o seu prazo planeado de entrega e a carga dessa seção, para que a decisão de alteração seja tomada com toda a informação sobre o impacto que ela poderá ter na entrega final do molde.
As exigências tecnológicas do Planeamento na Indústria de Moldes
Assim, para que seja possível dar resposta a todas estas necessidades e suportar o planeamento da indústria de moldes, o sistema informático deverá reunir determinados requisitos específicos.
Em primeiro lugar, o sistema informático tem de ter a capacidade de descrever os processos de fabrico e de compra de forma completa; e, além disso, permitir gerir tarefas de projeto, que integrem esses processos de fabrico e de compra, em atividades sincronizadas e bem geridas.
Com a descrição desses processos de fabrico e com os dados relativos aos recursos, calendários e ferramentas, o sistema deverá ser capaz de planear de forma automática as tarefas inerentes a cada elemento do molde, a partir da data de entrega teórica.
Para estabelecer cada uma das datas de entrega teóricas, esta tecnologia tem de ter a capacidade de criar “cenários” a partir da carga existente de encomendas e estimar, com alguma precisão, a data de entrega da nova encomenda – servindo essa data para alimentar o planeamento com a nova encomenda.
O conceito de “cenários” é também uma ferramenta importante de apoio à fase de orçamentação, pois irá estimar uma data de entrega aproximada, considerando a carga já contratada de produção.
A partir da informação introduzida, o sistema está preparado para efetuar o chamado “macroplaneamento” e irá otimizar os recursos, considerando todas as condições indicadas à partida, nomeadamente: calendários, subcontratações, tempos de preparação e execução, agrupamento de componentes que podem ser realizados numa única operação (por exemplo: a fresagem de elétrodos para diversos moldes), ferramentas, compras.
Neste processo de macroplaneamento, o sistema terá de atender a operações que apenas necessitam de recursos humanos para a sua preparação, podendo depois trabalhar de forma autónoma durante a noite e fins de semana.
A partir da distribuição do resultado do macroplaneamento pelas diversas secções, entramos no que chamamos “microplaneamento”, ou seja, no ajuste do planeamento geral às condições específicas, no tempo, para cada secção. Desta forma, as alterações efetuadas nas secções irão criar uma nova priorização do planeamento, que, ao ser novamente calculado, irá responder com as novas condições indicadas e gerar, assim, um novo macroplaneamento.
Conclusões finais
Como podemos concluir, a Indústria de Moldes, pelas suas características inerentes, apresenta uma complexa gestão global do seu processo produtivo: um molde pode envolver centenas de componentes, o que, por sua vez, exige a gestão e o planeamento de algumas centenas de milhares de operações, com mais de uma centena de equipamentos e de qualificações de recursos humanos; além do mais, uma unidade produtiva opera vários moldes em simultâneo.
Por esse motivo, só um sistema dotado de ferramentas avançadas de gestão de projetos será capaz de dar resposta às elevadas exigências de eficiência, permitindo planear a curto e longo prazo e de forma flexível – o que, por sua vez, se traduz em benefícios:
. poupança de tempo no cálculo de ordens de fabrico, compras e subcontratação;
. gestão eficiente de recursos e disponibilidades, otimização das máquinas e redução das paragens;
. avaliação de cenários e análise dos impactos face a novas encomendas, alterações de datas de entrega ou do fluxo de produção;
. apoio nas decisões estratégicas sobre quando subcontratar.
Ou seja, a tecnologia adotada deverá reunir as funcionalidades específicas para o setor industrial e responder de forma particular e com a máxima eficiência às necessidades e requisitos específicos da Indústria de Moldes altamente complexa.
E só assim será possível para as empresas da Indústria de Moldes competir, destacar-se e alcançar os lugares cimeiros neste mercado desafiante, mas pleno de oportunidades!
Como exemplo de algumas técnicas e processos de planeamento avançado, aceda à gravação do nosso Webinar “Planeamento Avançado de Fabrico de Moldes”, clicando no botão abaixo:
Para conhecer todas notícias desta edição de 2022 da Revista O Molde, clique no seguinte link: https://bit.ly/3LrNQLI (artigo Sqédio: páginas 73 a 75).
Para conhecer todos os artigos que a Sqédio já publicou na Revista O Molde relativamente aos desafios, tendências, novidades e inovações na Indústria de Moldes, clique aqui!