MRP ou Planeamento de recursos do processo de produção
Um MRP ou Material Requirements Planning é uma técnica de planeamento de recursos do processo de produção. Ou seja, é um sistema utilizado para planear, de forma eficiente, a utilização de recursos do processo produtivo de um fabricante.
Esta técnica permite às empresas desenvolverem um planeamento de produção futuro rigoroso, que minimize os custos e maximize a utilização dos recursos disponíveis.
Para esta técnica de planeamento, a procura estimada – quer seja a das encomendas dos clientes, quer seja a planeada de acordo com as previsões de vendas – é o fator impulsionador.
Neste sentido, o sistema irá propor ao fabricante a aquisição da quantidade certa de matéria-prima e a programação das entregas e quantidades atempadamente.
Além disso, também estabelece um determinado objetivo de produção, para definir o número de máquinas e mão-de-obra necessária durante um ciclo de produção específico.
Um sistema MRP ou as técnicas de planeamento de recursos do processo de produção têm como objetivo alcançar a quantidade e frequência ótima de encomendas de matéria-prima, considerando também outros parâmetros da própria gestão, nomeadamente:
- o tempo médio de reabastecimento dos fornecedores para cada produto;
- a política de compras de cada fornecedor;
- o tamanho ótimo do lote, de acordo com critérios económicos ou técnicos.
Mais recentemente, estes parâmetros incluem também outros aspetos derivados do ambiente ou técnicas de produção – tais como: o consumo de energia ou desperdícios gerados durante o processo.
Do planeamento de recursos do processo de produção ao MRP II
O termo “MRP” ou planeamento de recursos do processo de produção foi estabelecido em 1964.
Inicialmente, esta técnica de planeamento foi implementada com enorme rapidez, para minimizar o nível de stock.
Com o passar do tempo, este sistema de planeamento revelou-se insuficiente e foi necessário integrar a produção com outras áreas – tais como: a gestão e as vendas.
E foi assim que surgiu o MRP II, nos anos 80. Em concreto, trata-se da evolução da técnica de planeamento, efetuando previsões ou simulações de como o sistema de produção de uma empresa irá reagir, considerando a evolução real da procura e as encomendas dos clientes.
Para além destes condicionalismos externos, o MRP II também tem em conta a capacidade de recursos, nomeadamente:
- recursos humanos;
- capacidades dos meios;
- gestão de inventário.
MRP I vs. MRP II
Um sistema MRP II é considerado como uma evolução funcional do MRP I.
Este sistema de informação MRP II inclui todas as funcionalidades do seu antecessor, além do acompanhamento de:
- stocks;
- lista de materiais (BOM);
- dados mestre da produção.
Igualmente, também permite a integração com informação relativa a:
- logística (transporte, tempos mortos, tipos de sequenciação de operações);
- marketing (previsões de vendas);
- finanças (custos de stocks, taxas de produção horárias).
O MRP II tem também a capacidade de considerar os recursos humanos e técnicos de uma organização, disponibilizando, assim, uma visão holística da capacidade operacional real de uma empresa – um fator diferencial comparativamente ao MRP I. Em concreto, inclui a capacidade das máquinas, das ferramentas ou moldes e dos recursos humanos.
Como calcular o MRP em 6 passos?
Em concreto:
Passo 1 - Como produzimos os nossos produtos? Definir a Lista de Materiais (BOM)
Numa estrutura em árvore, a primeira tarefa será definir a lista de materiais que compõem o produto final a ser produzido e as suas respetivas quantidades.
Passo 2 - O quê, quando e quanto produzir? A procura
A requisição e o registo da procura direta indicam, claramente, o objetivo a alcançar: as encomendas diretas de clientes a curto e médio prazo ou as previsões de venda a médio e longo prazo são a base desta informação.
Passo 3 – Que materiais temos disponíveis? O inventário
O stock disponível diz respeito ao inventário de cada componente e materiais disponíveis em armazém.
Com um sistema MRP II, também é possível contar com o inventário futuro, considerando as receitas programadas. Ou seja, as encomendas de fornecedores ou ordens de fabrico pendentes para serem recebidas numa data e quantidade específicas.
Passo 4 – Necessidades brutas
Diz respeito à quantidade de artigos, materiais ou componentes que devem ser produzidos para satisfazer a procura.
No caso de um produto acabado (procura independente), as quantidades derivam diretamente da procura (encomendas ou previsões). Por outro lado, no caso de um material ou componente de procura dependente, as necessidades brutas serão ditadas pelo crescimento das necessidades dos produtos acabados de que fazem parte.
Passo 5 - Necessidades líquidas
Obtêm-se quando o inventário disponível não é suficiente para satisfazer as necessidades previstas. O que implica a obrigação de gerar uma ordem de abastecimento – quer a um fornecedor, quer à própria cadeia de produção.
Calculam-se da seguinte forma, para um dado período relativamente a uma necessidade:
Necessidades líquidas = Necessidades brutas + stock de segurança – stock disponível do período anterior – entregas programadas para o período em estudo (quer do fornecedor, quer da produção).
Passo 6 - Lançamento de uma encomenda
Para que as matérias-primas ou componentes estejam disponíveis em determinado momento, primeiramente, deve ser emitida uma ordem de compra ou ordem de produção. E é aqui que o lead time ou prazo de entrega é relevante.
Com esta informação, será possível saber em que momento emitir uma encomenda para que seja rececionada quando é necessária.
A encomenda ou ordem emitida também deverá ter em conta outras restrições ou políticas de abastecimento – tais como:
- tamanho do lote;
- lote económico;
- disponibilidade de recursos: materiais, humanos, técnicos ou outros.
E, no planeamento do processo de produção… chega o ERP!
No final do Séc. XX, o uso crescente da tecnologia aplicada ao desenvolvimento e implementação do sistema MRP II acabou por dar origem ao software ERP ou sistema de planeamento de recursos empresariais.
Em concreto, o MRP II tomou o lugar do MRP I. Isto porque, ao contrário do MRP I, o MRP II incluiu dados adicionais sobre a capacidade produtiva e outras necessidades financeiras do negócio. Em conjunto, o MRP I e MRP II deram origem ao sistema de planeamento de recursos empresariais ou ERP.
Hoje em dia, o software ERP permite aos fabricantes integrar todos os seus dados. Especificamente, os dados relacionados com as partes relevantes dos processos de produção, bem como os dados logísticos e económico-financeiros. Inclusivamente, o ERP pode incluir áreas, tais como: planeamento, compra de matérias-primas, gestão de inventário, vendas, finanças, marketing, recursos humanos – entre outros.
Muito embora os sistemas MRP II ainda sejam amplamente utilizados, o ERP é considerado como a sua evolução natural.
De facto, o sistema ERP é a integração de uma série de módulos conectados a uma única base de dados. O que permite gerir de forma otimizada os aspetos operacionais da empresa, como: vendas, produção, logística, compras, contabilidade e outros. Além de gerar a automatização de muitas das tarefas da empresa. Consequentemente, o ERP, para além do planeamento da produção, disponibiliza uma visão global da empresa.
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